terça-feira, 24 de agosto de 2010

O QUE É SIMPATIA

O QUE É SIMPATIA


Simpatia é a maneira ritual de forçar poderes ocultos a satisfazerem a nossa vontade. Realiza-se a simpatia com um conjunto de atos e palavras preestabelecias, realizadas por qualquer pessoa não especializada que a repete sem lhe acrescentar nada, a não ser nomes dos pacientes. O ritual é proveito, preventivo e curativo. De certo modo, trata-se da arte de produzir fatos que extrapolam as leis naturais. Com a magia simpática, pretende-se ter ação sobre pessoa ou objetos distantes, por meio de uma parte, por exemplo, peças de roupa, sinal dos dentes no pão, e outros.A simpatia tem grande prestigio, dada a psicologia do povo que quer resultados imediatos, sem tratamento e sem trabalho, trazidos pelas escamoteações da mágica. Em suma, o milagre. Certamente, tem-se mais fé na simpatia do que nos remédios da farmácia. Nela mesclam-se a ingenuidade, a malícia, a esperteza, a confiança e a esperança, ligadas à mentalidade dos povos primitivos e às camadas mais primárias dos povos civilizados. Vinda da religião dos magos, a magia pretende submeter à vontade própria, a vontade de poderes superiores, espíritos, gênios, demônios, elementos da natureza e simula atuar sobre.Conforme se dirige à obtenção de efeitos maravilhosos por meios naturais ou com o auxilio das potências do inferno, magia se divide em magia branca e magia negra.A nós nos interessa particularmente a magia branca, que se utiliza de maneira indireta das forças curativas do espírito, e que atua por vários caminhos, sendo os principais a analogia e a transferência.O segredo na maior parte das simpatias é indispensável.Há outros ritos como ir a um lugar bem distante, atirar alguma coisa por sobre o ombro sem olhar, ir embora sem olhar para trás e jogar peças de roupa na correnteza, para o rio carregar.O que se nota na magia simpática, é que ela se dirige às doenças que dependem de uma tomada de forças do corpo e da alma, preparada pela reunificação da personalidade que a intensa fé provoca. Nesse caso, a coisa mágica tenta conseguir a cura de doenças que os médicos não podem debelar.Da medicina protetiva do folk fazem parte objetos que, trazidos junto ao corpo, protegem de doenças. O mais antigo é o patuá. Na origem, era apenas um pedacinho de pano contendo uma oração clara a proveniência católica. Trata-se da popularização do escapulário, tira de pano com dois pequenos quadrados de pano bento, com orações escritas, e que os religiosos traziam ao pescoço ou junto ao coração. O patuá com a oração também se chama bentinho, nome popular que corre as cidadezinhas interioranas.A aceitação do povo não se fez sem adaptações. O patuá passou a conter além de orações, palavras cabalísticas, raiz de guiné, olho de cabra, raspa do bico de anum preto. O nome também se modificou. Foi chamado de relique ou arrelique, contaminação de outro vezo católico, que é o uso de relíquias, igualmente costurados em saquinhos de pano. Essas relíquias se constituem de pedacinhos de hábitos de monges canonizados, de lascas de cruzes, de cabelos, de esquírolas de ossos de santos, de pedaços de cordas e de lenha de fogueiras que consumiram mártires da fé.Hoje, patuá, relique, ou bentinho, é qualquer objeto mágico que se pendure ao pescoço ou se amarre ao pulso, desde que fechado num saquinho de pano.Escapa a essa nomenclatura o signo de Salomão, amuleto que deve ser feito antes do sol nascer, numa sexta-feira santa. Tanto pode ser portado nos bolsos, como pendurado ao pescoço. Também conserva a virtude curativa e defensiva quando pendurado atrás da porta ou à cabeceira da cama.

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